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CLIPPING 30/04/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

Medicamentos

Pesquisa e Desenvolvimento

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Medicamentos

 

Raia Drogasil mais que dobra lucro até março
30/04/2015 - Valor Econômico

O lucro líquido da Raia Drogasil mais que dobrou de janeiro a março, passando de R$ 29,13 milhões para R$ 70,32 milhões, com receita líquida em R$ 1,96 bilhão, expansão de 19,2% - acima da taxa de crescimento prevista para o mercado de farmácias no período. Isso se reflete em ganhos de participação de mercado das marcas, com uma recuperação da fatia de venda da Drogasil em São Paulo, após redução em anos anteriores.
Despesas operacionais subiram em ritmo inferior às vendas (16,5%) e, apesar da abertura de lojas, que pressiona o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda), esse montante cresceu cerca de 64%, para R$ 152,3 milhões no trimestre.
O nível de rentabilidade voltou a aumentar, com margem Ebitda (ajustada) em 7,4%, expansão de 1,9 ponto em relação ao ano anterior. A margem bruta, de 28,8%, aumentou 1,5 ponto. "Os resultados aparecem porque estamos melhor preparados do que em outros anos, como 2013 [quando a integração das redes estava sendo coordenada]. A sensação que temos é que na hora em que 'destravamos' a empresa, os gargalos reduziram e os números foram aparecendo", disse Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores e planejamento corporativo.
Entre 2012 e 2014, após fusão das redes anunciada em meados de 2011, um projeto de reestruturação praticamente finalizado buscou fazer as redes ganharem maior escala e eficiência.
Com base nos dados anunciados ontem, os aumentos em volumes de venda, com ganhos de participação, somado a ajustes "táticos" de preços, reforçaram receita. A companhia fala em uma "melhor estratégia de precificação" - pode elevar preço se considerar que valor está abaixo do mercado - após criar uma equipe com 20 funcionários para novo departamento de gestão de categoria. Reajustes de preços de fabricantes, pressionados pela valorização do dólar, também ajudaram a "puxar" o valor das vendas.
"Ainda existe aí o fato de que estamos em posição mais confortável do que alguns concorrentes grandes, temos caixa e melhores condições comerciais do que outras redes maiores e redes médias, mais estranguladas", disse Zagottis. "Hoje, nos oferecem tudo quanto é ponto, o mercado imobiliário está mais favorável, porque há concorrentes com problemas para abrir lojas em alguns lugares", disse Marcílio Pousada, presidente do grupo varejista.
Velocidade menor de expansão nos gastos (despesas com vendas e administrativas eram 2,8% das vendas há um ano e caíram para 2,5% no terceiro trimestre) contribuíram para expansão no lucro. Melhoria operacional e conclusão do processo de integração, que acabam fazendo a empresa operar de forma mais eficiente, ajudam a entender ganhos no lucro.
A empresa informou ainda que houve uma "recuperação progressiva de uma das marcas" do grupo, a Drogasil, na capital paulista. Em São Paulo, a empresa atingiu participação de 21,6% com ganho de participação de 1,1 ponto percentual. "Drogasil perdeu 'share' em 2013 e vem recuperando desde 2014", diz Zagottis.



Vacinação contra o vírus Influenza
30/04/2015 - DCI

Vacinação contra o vírus Influenza, causador da gripe, começará em maio. A campanha de vacinação começa segunda-feira, dia 4 de maio, e a meta da Secretaria da Saúde é imunizar 11,8 milhões de paulistas. A dose estará disponível na rede pública para bebês a partir dos seis meses e crianças menores de cinco anos de idade, também serão imunizados idosos a partir dos 60 anos, gestantes, puérperas, indígenas, funcionários do sistema prisional e a população carcerária, além das pessoas diagnosticadas com doenças crônicas e os profissionais de saúde do estado. A vacina será disponibilizada em mais de 6 mil postos, entre fixos e volantes, além de 2.933 veículos, nove ônibus e quatro barcos. A vacina foi produzida pelo Instituto Butantan. 



Os “prazeres” de farmácia
30/04/2015 - O Estado de S.Paulo

Tirando aquelas que podem ser colhidas do solo, quase todas as drogas recreativas um dia estiveram na farmácia. Em 1886, um anúncio da Pharmacya Ypiranga em A Província de S. Paulo trazia uma série de medicamentos e preços. Entre produtos mais exóticos, como pastilhas de nitroglicerina (mil réis a caixa), 10 gramas de cocaína com 20% de pureza saía a 25 mil réis. “Cannabinona”, na mesma dose, 5 mil réis. Não havia heroína, mas essa podia ser encontrada no exterior desde 1874. Em 1894, um anúncio mais sucinto dizia: “Soffreis dores nos dentes ou nos ouvidos? Usa e as inofensivas – Gottas verdes de cocaína de Chaves – que as alivia em um minuto”.
“Desde o século 18, o desenvolvimento de novas drogas ocorreu sob um pano de fundo de investigação e aplicação farmacológica, com substâncias tradicionais baseadas em plantas primeiro melhoradas, depois superadas por produtos sintéticos”, afirma o historiador cultural Mike Jay, autor de High Society: The Central Role of Mind-Altering Drugs in History, Science and Culture (em tradução livre Alta sociedade: O papel central das drogas que alteram a consciência na história, ciência e cultura).
Nem tão inofensivas O uso recreativo era óbvio em alguns produtos da época, que não só ofereciam suas propriedades “curativas”, como seu sabor. Em seus primórdios, a Coca-Cola era vendida em farmácias como um tônico, contendo uma quantidade – 9 miligramas por garrafa – de cocaína. E nem era a única bebida: os vinhos de cocaína, como o então famoso Vin Mariani, tinham doses bem mais generosas.
Na virada do século, era crescente a preocupação com o fato de a cocaína não ser tão “innofensiva” assim. Em 1891, Ernst von Fleischl-Marxow, amigo de Sigmund Freud, morreu de overdose, e o pai da psicanálise parou de recomendá-la aos pacientes. Nos anos 1890, A Província de S. Paulo registrava notícias sobre crimes ligados ao uso de cocaína. A Coca-Cola removeu a droga de sua fórmula em 1903, passando a usar folhas “vazias” da planta, já processadas pela indústria. Continua a fazer isso até hoje, com plantações legais nos Estados Unidos.
Ao longo da década de 1910, a percepção pública sobre o uso de drogas foi mudando.
Em 1914, os Estados Unidos aprovaram o Harrison Act, banindo opiáceos e cocaína de venda pública. O Reino Unido seguiu o exemplo em 1920. O Brasil, em 1921. A maconha viria depois, 1930 por aqui – num caso raro, antes dos Estados Unidos, que a baniriam em 1937.
Novidades de laboratório Essas primeiras proibições não foram, obviamente, o fim das drogas recreativas.
O surgimento das drogas sintéticas causou um eterno cabo de guerra entre usuários e governos – quando o uso de uma droga vinda de laboratórios se torna popular, seguem-se as proibições.
No que, cada dia mais, muitos veem um esforço fútil. “O impulso fundamental para alterar nossa consciência de formas significativas, mas controláveis, é, parece, parte de nossa programação natural”, diz o historiador Mike Jay.
As anfetaminas foram primeiro sintetizadas na época da cocaína de farmácia, em 1887, pelo químico romeno Laz?r Edeleanu. As metanfetaminas um pouco depois, em 1893, pelo japonês Nagai Nagayoshi.
Por décadas, elas despertaram pouco interesse. Isso durou até a Segunda Guerra, quando se tornaram “rebites” para soldados de ambos os lados. E levaria, nos anos 1950, a uma explosão em seu uso, com receita médica, o que matou gente célebre, como Carmen Miranda e Marylin Monroe.
Ainda assim, elas seguiram legais por décadas – o Brasil só proibiu a metanfetamina em 1998. Outros tipos de anfetamina seguiram sendo vendidos na farmácia até 2011, como tratamento para perda de peso. O ecstasy (MDMA), outra droga da mesma classe, foi proibido nos Estados Unidos em 1984 (no Brasil, em 1998, pela mesma norma da Anvisa que baniu as metanfetaminas).
Uma história macabra Uma droga sintética está no cerne de uma das maiores revoluções culturais da história. Na década de 60, a dietilamida de acído lisérgico (LSD) se tornou popular entre os jovens, após ser propagandeada como uma experiência redefinidora da vida por figuras como Aldous Huxley e Timothy Leary. Ela foi legal até 1970 – e proibida no auge de sua popularidade.
O LSD foi sintetizado em 1938 pelo cientista suíço Albert Hoffman, que a vida inteira defendeu seu uso como o “remédio da alma”.
Nos anos 1950, a CIA conduziu uma série de estudos secretos, o MK-Ultra, especulando sobre o uso do LSD como um “soro da verdade”, para extrair confissões de inimigos políticos. Sem o consentimento ou conhecimento, a agência drogou milhares de pessoas entre 1953 e 1964, de frequentadores de prostíbulos a militares e seu próprio pessoal, incluindo cientistas.
A experiência de tomar LSD sem saber nunca era agradável. Logo no começo do projeto, o bioquímico Frank Olson caiu da janela do 13º andar, depois de ter seu café drogado pela manhã. O MK-Ultra só veio a público graças a uma reportagem do New York Times de 1974. O escândalo levaria a uma indenização de 750 mil dólares à família de Olson, e a desculpas formais do presidente Gerald Ford e da CIA, no ano seguinte.
A pressão dos intelectuais e os resultados oficiais pífios não foram suficientes para arrefecer a Guerra às Drogas, decretada pelo presidente Richard Nixon em 1971. Ela segue firme e forte, mesmo com suas inúmeras controvérsias, como o encarceramento de classes desfavorecidas, os altos custos em operações policiais e a instabilidade nos países produtores.
A exceção é a maconha, cujas restrições vêm sendo relaxadas desde os anos 1990. Curiosamente, o processo, que levou à liberação completa no Uruguai e nos estados americanos de Washington e Colorado, no ano passado, começou por suas vantagens medicinais, ministrada a pacientes sob quimioterapia ou tratamento de Aids. No mesmo ano, a Anvisa liberou o canabinol para uso medicinal, após diversos processos de pacientes que queriam importar o produtos, alguns dos quais morreram antes de recebê-los. É um raro caso em que a droga recreativa entrou na farmácia – não saiu dela . 

 


Pesquisa e Desenvolvimento 

 

 

 

Genoma humano mudou os caminhos da medicina
30/04/2015 - O Estado de S.Paulo

Em 1990, quando o Congresso americano deu sinal verde para o Projeto Genoma Humano, liberando US$ 4 bilhões para o Instituto Nacional de Saúde e para o Departamento de Energia, a ciência entrou em outro patamar. A partir daquele momento, o homem começava a ser traduzido em suas estruturas mais básicas. Abria-se uma imensa gama de possibilidades, de onde se esperavam explicações para doenças até então incuráveis, diagnósticos antecipados que permitissem terapias profiláticas e produção de tecidos para substituir partes do corpo doentes (as chamadas terapias com células-tronco).
O que até então era considerado ficção hoje foi incorporado à medicina de ponta.
Em 2012, o ator Reynaldo Gianecchini, diagnosticado com câncer linfático, foi submetido a um autotransplante de células-tronco. Nesse procedimento, o paciente é o próprio doador. As células mãe são retiradas da medula óssea, armazenadas e tratadas com várias doses de quimioterapia. Depois, são devolvidas saudáveis ao corpo do paciente, por meio de um cateter, como se fosse uma simples transfusão de sangue.
Em 2013, uma das mais belas atrizes do cinema, Angelina Jolie, retirou os seios como medida profilática contra o câncer de mama – mais tarde ela retiraria também os ovários. Jovem e saudável, ela se submeteu às cirurgias depois de tomar conhecimento de uma pesquisa genética pela qual tinha 87% de chances de desenvolver câncer de mama, a doença que vitimou sua mãe. O Estado publicou em primeira página a manchete: “Angelina Jolie retira seios e provoca debate”. E alertava os leitores: “Especialistas recomendam ponderação na hora de decidir pelo procedimento”.
Três bilhões de blocos Conhecer o histórico genético ficou até simples. A televisão popularizou o “teste de DNA”, para saber a paternidade de crianças. Mas agora é possível fazer um exame de sangue e, em uma ou duas semanas, ter a análise completa das caA notícia do anúncio dos resultados do Projeto Genoma: salto científico Biochip: análise de 18.394 genes; tecidos normal (esq.) e canceroso (dir.) Antes de o Projeto Genoma começar, o Estado alertava para seu impacto Anos antes do início das pesquisas, quando o Projeto Genoma era apenas uma possibilidade, o Estado publicou um artigo comparando a dimensão da pesquisa do genoma humano com a ida do homem à Lua. “Genoma significa a soma completa de todas as informações hereditárias de um ser vivo. Uma vez decifrado, os cientistas vão poder curar pelo menos 3.500 doenças.” O jornal, que sempre noticiou os avanços mais importantes da ciência, chamava atenção para a seriedade do encaminhamento das pesquisas. Na época, James Watson, um dos autores que decifraram a estrutura do DNA em forma de dupla hélice e vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 1962, foi nomeado diretor do projeto, dando ainda mais peso ao estudo.
A missão dos pesquisadores era compilar as 3 bilhões de bases de 46 cromossomos humanos em 15 anos, a um custo de US$ 200 milhões a cada 12 meses. O projeto uniu a comunidade científica internacional em um esforço único. Laboratórios japoneses, chineses e canadenses foram os primeiros a se debruçar no sequenciamento das bases cromossômicas. Em 2001, o Estado noticiava que o Brasil era o primeiro país do Hemisfério Sul a contribuir com o Projeto Genoma Humano. “Só no cromossomo 22, nossos cientistas descobriram 200 genes novos, um terço a mais que o total já encontrado.” racterísticas genéticas do paciente – o processo ajuda na identificação de câncer e de possíveis problemas neonatais, além de poder determinar a resistência e a alergia a determinados tipos de remédio.
“É um dado muito importante porque o brasileiro tem uma cultura de recomendar remédio, mas a resposta às drogas não é a mesma”, afirma Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo.Em 2014, mais de 20 mil pessoas sofreram reações adversas a medicamentos só no estado de São Paulo.
Quando o mapa físico do genoma humano ficou pronto em 2005, 10% dos genes estavam identificados. Desde então, a decodificação genética ganhou velocidade.
“Até pouco tempo, se havia uma suspeita de doença, era necessário olhar gene por gene. O homem tem 20 mil genes diferentes – não dava para chegar a um diagnóstico”, diz Mayana. “Com as novas técnicas de sequenciamento é possível fazer uma radiografia completa do caso.” Decodificação Frederick Sanger desenvolveu os primeiros métodos de decodificação do DNA na década de 1970. Dez anos depois, o primeiro instrumento automático apareceu no mercado com capacidade de decifrar de 700 a 1.000 fragmentos de DNA por vez. Com 3 bilhões de blocos de DNA compondo cada genoma humano, o projeto requeria milhares de cientistas e cada sequenciador custava em torno de US$ 1 milhão. Entre 2001 e 2014, os novos instrumentos baixaram o custo do processo para R$ 5 mil.
Hoje há softwares específicos, como o YouScript, que ajudam a prever a dosagem ideal e o efeito cumulativo de um determinado medicamento com base na genética. Identifica quando fatores genéticos afetarão a metabolização do medicamento, se o paciente está em risco de uma interação adversa e qual dosagem ou droga alternativa pode ser prescrita.
Há outras ferramentas disponíveis. A Knome oferece um sistema de “plug and play” que combina hardware e software de interpretação genômica. O Illumina permite ao cliente inserir sua sequência de DNA em um sistema de análise. Já o 23 and Me precisa de uma simples amostra de saliva para descobrir a propensão a doenças e detalhes de seus ancestrais.
Custa US$ 99. O processo é tão popular que pode ser encomendado pela internet: o kit do teste e o resultado chegam à casa do interessado pelo correio.



O homem virado do avesso
30/04/2015 - O Estado de S.Paulo

Até o fim do século 19, só a morte permitia aos médicos verem o corpo humano por dentro. Nas escolas de medicina, a dissecação de cadáveres se apresentava como único meio de os estudantes conhecerem os principais órgãos e descobrirem como se interligavam. O corpo era então escuro e silencioso. Ver o coração pulsando, o cérebro realizando sinapses e o sangue percorrendo a intrincada rede vascular não passava de ficção. Tudo mudou em 1895, quando o alemão Wilhelm Conrad Röntgen descobriu acidentalmente o raio x – desde então, o homem ficou literalmente transparente.
A notícia da primeira radiografia, que foi dos ossos da mão da mulher do cientista, ganhou o mundo. Em 1897, o Estado publicava constantemente anúncios de consultórios que faziam exame com a “Luz de Röntgen”. Em julho daquele ano, trouxe uma reportagem sobre as novas aplicações do artefato. “Com este aparelho tem-se conseguido observar o coração, o fígado, o baço, fraturas insignificantes e corpos extranhos (sic) de pequeníssimas dimensões.” Três anos depois, em um artigo sobre os avanços da medicina no século 19, o jornal chamava atenção para os novos recursos da ciência, tratados como “engenhosos instrumentos da diagnose”. “Inventava-se o spectroscopo (espectroscópio), o hemoglobinômetro, o hematímetro...; e como se não bastasse, aproveitando-se a clínica da descoberta de Röntgen, a nossa vista enxerga como pela transparência de um vidro o mais denso, o mais íntimo, o mais recôndito do organismo humano.” Foi o surgimento da informática, na década de 1950, que potencializou o experimento de Röntgen: a radiografia passou a captar imagens transversais, em fatias, de estruturas do corpo, como os ossos. Aqui se fala da tomografia, exame essencial na vida de atletas, por exemplo. Sem essa tecnologia, quando Anderson Silva, campeão de UFC, fraturou a perna em 2013, os médicos não teriam condição de avaliar o tamanho da lesão nem o tratamento mais adequado em tão pouco tempo.
Avanços eletrônicos, de computação e resolução tornaram os exames de imagem mais rápidos, precisos e menos invasivos.
Se antes o diagnóstico do coração estava limitado ao uso de um estetoscópio e, mais tarde, do eletrocardiograma, hoje médicos podem usar procedimentos como angiografias, tomografias e ultrassons.
“Até o século 19, só era possível avaliar as lesões internas após a morte, nas autópsias ou durante os procedimentos cirúrgicos, que raramente eram realizados, devido à intensa mortalidade”, afirma Clarissa Nogueira, professora da Faculdade de Medicina da Unicamp Diferença entre vida e morte Os diagnósticos antecipados levam a tratamentos melhores e a taxas de sobrevivência mais altas. Por décadas, os oncologistas, por exemplo, eram obrigados a apenas especular sobre o efeito de remédios em um tumor. Hoje, com a tecnologia PET scan, é possível visualizar exatamente como um determinado tumor está reagindo ao tratamento. E tomar decisões com base em imagens precisas.
Uma imagem pode significar a diferença entre vida e morte. Antes do desenvolvimento do ultrassom, os aneurismas da aorta abdominal, por exemplo, raramente eram identificados antes que se rompessem.
Hoje é possível localizá-los, reduzindo o risco de morte em mais de 40%.
“Mas também há prejuízos por excessos e perigos dos exames. Muitos ovários sadios foram perdidos com a visualização de cistos ovarianos após a introdução da Descoberta do raio x.
As primeiras máquinas demoravam 1 hora e 30 minutos para completar a imagem. Os aparelhos modernos fazem a mesma função em 0,18 segundo Máquinas da saúde A mamografia é desenvolvida usando como base a radiografia. Sua utilização para diagnóstico precoce do câncer de mama tornou-se comum a partir de 1927 Os americanos Felix Bloch e Edward Purcell detectam a vibração de ondas de rádio no núcleo de átomos de hidrogênio.
A descoberta levou à ressonância magnética e rendeu à dupla o Prêmio Nobel de Física Até então um aparelho para detectar falhas em estruturas metálicas, o ultrassom ganha outro fim. O médico escocês Ian Donald começou a utilizá-lo como aparelho de diagnóstico sofisticado em tecidos internos O gastroenterologista Basil Hirschowitz passa a examinar o estômago dos pacientes com o auxílio de uma sonda com uma luz na ponta, criando a endoscopia O engenheiro britânico Godfrey Hounsfield desenvolve a tomografia computadorizada.
O médico americano Raymond Damadian realiza a primeira ressonância com ajuda de um scanner ligado a um computador ultrassonografia”, afirma Clarissa.
Espiar dentro do corpo humano chegou ao extremo de o ultrassom 3-D permitir que a mãe veja o rosto e o corpo do filho antes de ele nascer. As imagens captadas pelo aparelho dão detalhes até das feições do feto – como se fossem um retrato. A versão 4-D do exame vai além: mostra os movimentos do bebê. Certamente, Röntgen não imaginava, em 1895, que o homem seria assim tão transparente.



A química dentro de casa
30/04/2015 - O Estado de S.Paulo

O futuro chegou e se parece mais com Admirável Mundo Novo do que com 1984. No livro de Aldous Huxley, todo mundo, sem exceção, tomava o soma, a droga que resolvia todos as dúvidas, preocupações e problemas da condição humana. São inegáveis os avanços de qualidade de vida conseguidos pela medicação moderna. Problemas que por séculos foram considerados fatalidades hoje encontram soluções pela química.
O Viagra e outras drogas para disfunção erétil causaram uma pequena revolução sexual na terceira idade. O câncer, o velho terror, não é mais uma sentença de morte – a quimioterapia é cada dia mais eficiente e menos agressiva. Uma análise publicada no Reino Unido pelo McMillan Cancer Support revelou que a expectativa de vida para pacientes com câncer de mama duplicou desde os anos 1970, e cresceu sete vezes para vítimas de câncer retal.
E, talvez a mudança com maior impacto cultural, a melancolia, condição primeiro romantizada, depois rebatizada como depressão, hoje pode ser deletada por uma receita. É um novo tempo, com novos problemas. “O Prozac ajudou a lançar uma era da droga blockbuster – um produto que gera mais de US$ 1 bilhão em vendas anuais”, diz Jeffrey Avorn, professor de medicina da Universidade de Harvard, em artigo no New York Times.
A era do óleo de cobra A indústria farmacêutica vem de uma tradição começada nos boticários medievais.
Como a própria medicina, tudo funcionava numa base tradicional. “Por centenas de anos, a prática médica era dominada pelos ensinamentos ancestrais de Galeno”, diz Avorn. “Não se esperava de um aprendiz que entendesse dados de experimentos, mas que memorizasse conceitos e receitas em relações arcanas de humores, regurgitando ideias erradas que passavam de médico a aprendiz por gerações.” Tudo começou a mudar no século 19, com a criação de cursos superiores de farmácia.
A aspirina, criada pela Bayer em 1897, foi o primeiro grande sucesso comercial de uma droga sintética. Experimentos do tipo duplo-cego, envolvendo placebos, uma marca central da indústria farmacêutica moderna, começaram em 1907.
Porém, no mesmo lugar onde era possível se comprar remédios baseados em ciência, também eram vendidos óleo de cobra e medicamentos que prometiam milagres sem revelar suas fórmulas.
Não foi só a ciência que levou à farmácia moderna. “Nossa abordagem para remédios com receita é produto de duas correntes históricas que se uniram apenas recentemente”, diz Avorn. “A primeira foi a evolução política, que deu aos governos autoridade para decidir que produtos poderiam ser vendidos como remédios. A segunda foi a evolução científica que deu aos dados experimentais prioridade sobre a sabedoria recebida.” Para conter a anarquia, foram criadas entidades governamentais. A primeira foi a Food and Drug Administration, dos Estados Unidos. Por décadas, porém, ela estava mais preocupada com honestidade comercial do que com segurança. Por exemplo, se você comprasse um elixir radioativo, a FDA só queria saber se existia realmente radiação nele, não os efeitos que causaria no organismo. Não é piada. Na década de 1920, foi vendido nos Estados Unidos o Radithor, com o elemento químico rádio – o mesmo que mataria a franco-polonesa e Prêmio Nobel Marie Curie. Prometia ser “a cura para os mortos vivos”. Um dos seus clientes foi o socialite Eben Byers, que afirmava ter tomado 1.400 garrafinhas. Ele desenvolveu cânceres, abscesso cerebral e dano nos ossos, que destruiu sua mandíbula. Como descreveu o Wall Street Journal: “A água de radiação funcionou bem até que sua mandíbula caiu”.
Nosso admirável mundo novo Escândalos como esse levaram a leis mais rigorosas. Em 1938, o poder da FDA foi ampliado para um escopo mais moderno, exigindo testes antes de os remédios chegarem ao mercado. Na maior parte dos outros países, esse tipo de regra começaria a ser usado após a Segunda Guerra. No Brasil, o Ministério da Saúde surgiu em 1953, mas só ganhou o poder de controlar medicamentos em 1967. Isso não significa que esta seja uma era sem problemas. Em 2004, um estudo revelou que o anti-inflamatório Vioxx podia causar derrames e ataques cardíacos, fazendo com que fosse tirado das prateleiras após cinco anos e 80 milhões de pacientes tratados. No mesmo ano, foram publicadas as primeiras estatísticas relacionando o uso de antidepressivos ao aumento do risco de suicídio.
Ainda que o planeta não esteja mais na era do óleo de cobra, a reputação de agências reguladoras e sua relação com a indústria farmacêutica estão cada dia mais em cheque. “Até recentemente, preocupações com a influência das farmacêuticas nas decisões da FDA, ou com o papel da indústria em criar políticas de benefícios, eram tidas como papo de esquerdistas lunáticos”, diz Avorn. “O constante aumento da preocupação pública com a incompetência governamental em detectar e corrigir riscos das drogas, alinhadas com as crises fiscais causadas pelos gastos incontroláveis com medicamentos, públicos e privados, irão levar à reforma.”
 

 

Saúde

 

Lucro líquido do Fleury cai mais de 48% no primeiro trimestre

29/04/2015 - Valor Econômico 


O Fleury registrou, no primeiro trimestre deste ano, lucro líquido de R$ 13,4 milhões, o que representa uma queda de 48,6% em relação ao mesmo período de 2014.

A última linha do balanço da companhia de medicina diagnóstica foi afetada pelo pagamento de R$ 27,2 milhões à Prefeitura de São Paulo para quitação de débitos da taxa de resíduos sólidos, que estava em discussão na justiça. O impacto desse pagamento foi de R$ 18,3 milhões. Sem considerar esse pagamento a companhia teria apurado um lucro líquido de R$ 32 milhões no primeiro trimestre.

Segundo o Fleury, optou-se pela quitação dos passivos porque as condições de pagamento à vista eram vantajosas. O débito teve um desconto de 75% no valor da multa e de 85% nos juros. O débito compreende o período de 2003 a 2014.

Além disso, o resultado do primeiro trimestre do ano passado foi favorecido por uma reversão de R$ 18,4 milhões em provisões de ICMS sobre importação de equipamentos médicos.

A companhia apurou receita líquida de R$ 447 milhões, alta de 13% no período. Os custos dos serviços prestados aumentaram 5,5% para R$ 322 milhões.

Já o lucro antes de juros, impostos,depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) manteve-se praticamente estável em R$ 72,7 milhões, com margem de 16,3%. Esse indicador sofreu perda de 1,96 ponto percentual. 


Investimento


O Fleury revisou para baixo sua projeção de investimentos para este ano. A companhia deve cortar entre 15% e 20% o volume de R$ 189 milhões anunciado inicialmente.

Segundo Carlos Marinelli, presidente do Fleury, haverá postergação de investimento em projetos liga dos à tecnologia e reforma de unidades para 2016. “Não haverá redução de unidades. Mantemos nossa meta de ter 7 mil metros quadrados novos neste ano”, disse.


Rio de Janeiro


Após um ano e meio de perdas, o Fleury voltou a registrar crescimento no Rio de Janeiro. No primeiro trimestre, a receita da companhia no Rio aumentou 14,5% — percentual acima, inclusive, das unidades com a bandeira Fleury que sempre crescem mais do que a média da companhia.

A receita das unidades com a marca cresceu 12,5%, nas unidades dentro de hospitais o aumento foi de 16,4% e a companhia como um todo teve alta de 12,1%. Atualmente, o mercado do Rio representa 16,7% da receita do Fleury.

Segundo Marinelli, foram tomadas várias ações no Rio como renegociação de contratos com as operadoras de planos de saúde, aumento na oferta de tipos de exames, em especial, de análises clínicas, entre outras. Desde setembro de 2013, a companhia registrava perdas no Rio devido ao cancelamento do contrato com a Unimed-Rio que representava 30% da receita nessa praça.


 

Um novo respiro

30/04/2015 - O Globo


Kaiba Gionfriddo, de 3 anos; Garrett Peterson, de 2; e Ian Orbich, de 1, são hoje crianças saudáveis e alegres. Os três, no entanto, tiveram graves problemas respiratórios quando nasceram e poderiam não ter sobrevivido. O que mudou o destino deles foi o implante de pequenos tubos absorvíveis feitos a partir da técnica de impressão 3D, tecnologia que promete revolucionar a medicina nos próximos anos. Os três foram operados por uma equipe de médicos da Universidade de Michigan, nos EUA, que anunciaram ontem seus resultados bem-sucedidos na revista científica “Science Translational Medicine”.
Eles sofriam de uma forma rara de traqueobron comalácia, uma má formação que causa flacidez das vias aéreas e impede a respiração normal. Sem cura e com reduzida expectativa de vida, passaram meses em unidades de terapia intensiva com tubos respiratórios em seus pescoços e recebendo alimentação intravenosa.

Kaiba foi o primeiro a chegar às mãos de Glenn Green, professor de Otorrinolaringologia Pediátrica da universidade. Em 2012, tubos sob medida feitos com um biopolímero chamado polica-prolactona, obtidos pela impressora 3D, foram implantados em seus brônquios defeituosos, evitando que eles fechassem e interrompessem o fluxo de ar. O dispositivo já começou a se dissolver no corpo, como planejado, e tudo indica que suas vias respiratórias vão se remodelar sem deixar sinais da doença, segundo os pesquisadores.


CRIANÇAS RESPONDERAM BEM A TRATAMENTO


O mesmo procedimento foi repetido em Peterson e Orbich. Nenhum dos dispositivos implantados causou qualquer complicação até o momento. Os três não precisaram mais ficar estáticos, puderam largar a forte sedação e tiveram melhoria até no funcionamento de outros órgãos. Kaiba, que adora brincar com os irmãos e que recentemente foi à Disney World, voltou ao hospital este mês para acompanhamento.

— Antes desse procedimento, os bebês tinham pouca chance de sobreviver. Hoje, nosso primeiro paciente, o Kaiba, é uma criança ativa, saudável, está na pré-escola e tem um futuro brilhante. Estão todos em casa com suas famílias — comemorou Glenn, que acredita que os casos servirão de base para ensaios clínicos que poderão ajudar outras crianças com problema semelhante no futuro. — O dispositivo funcionou melhor do que poderíamos imaginar. Acreditamos que esse tratamento é uma opção promissora para crianças que enfrentam essa condição, com risco de vida e sem cura.

A doença atinge um em cada 2.220 indivíduos, mas formas graves são raras (10% dos casos são tão agressivos e, nestas situações, mortais).

Cirurgião do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Terence Farias já aplica a tecnologia 3D em pacientes no Brasil para outros tipos de procedimentos e comemorou mais esse passo.

— Os resultados são fantásticos, com uma estética imbatível — afirma o médico. — Essa técnica vem trazendo economia financeira, rapidez e segurança para as cirurgias.

Terence comparou o dispositivo com o stent, tubo minúsculo feito de aço inoxidável ou liga de cobalto comumente usado para restaurar o fluxo sanguíneo das artérias coronarianas. Mas, no caso da impressão 3D, além de o tubo ser feito por um material absorvível pelo corpo, ele tem o diâmetro exato de cada indivíduo, o que reduz o risco de complicações.

Atualmente, existem diferentes estudos e aplicações de protótipos com impressão 3D. A tecnologia já torna cirurgias menos complicadas. Duas técnicas são empregadas pelo brasileiro para a reconstrução de mandíbula em pacientes com câncer. Na primeira, a tomografia computadorizada detalha a anatomia do paciente e, por meio de um software, transfere a informação para o impressora 3D. Ela, por sua vez, cria, em tamanho real, em acrílico ou gesso, a área defeituosa. Com isso, antes da operação, cirurgiões podem treinar e calcular a quantidade necessária de osso a ser retirado (geralmente da bacia), evitando perdas e reduzindo o tempo e o custo do procedimento. Outra possibilidade é usar titânio ou outros materiais para construir uma prótese idêntica à mandíbula do paciente e, de fato, implantá-la.

No futuro, pesquisadores preveem que será possível criar órgãos e tecidos com o auxílio da impressão 3D, resolvendo o problema da fila de transplantes, que tem em média 40 mil pessoas só no Brasil. O engenheiro André Luiz Jardini Munhoz, pesquisador do INCT-Biofabris, explica que existem estudos nesse sentido, inclusive no país. Diferentes grupos de pesquisa no mundo já conseguiram produzir uma bexiga funcional, fígado, vasos sanguíneos, válvulas cardíacas, orelha de cartilagem, pele e ossos.

A técnica consiste em escanear o paciente para a obtenção de um modelo tridimensional do órgão a ser replicado. O arquivo é enviado para ser impresso, camada por camada, formando uma estrutura com material absorvível. A peça impressa recebe células do próprio paciente e é colocada em uma semeadura para a multiplicação. Por fim, o órgão replicado é implantado.

— Será uma revolução. Vamos poder reconstruir partes do corpo humano: ossos, cartilagens, órgãos. São estruturas anatomicamente fieis, replicadas do corpo do próprio paciente, com células do próprio paciente — diz Munhoz.

Paulo Kharmandayan, professor do Departamento de Cirurgia Plástica da Unicamp, explica que a maior barreira para a tecnologia deslanchar ainda é a produção de células com diferentes funções. É possível, por exemplo, construir um tecido muscular com o formato do coração, mas não um órgão funcional, que possa ser implantado em um paciente.

— Um tecido tem diferentes tipos de células, e um órgão tem diferentes tecidos. É complexo construir isso dentro do laboratório. Ainda não temos o conhecimento total do processo e, por vezes, elas sofrem mutação ou se degeneram — diz Kharmandayan. — De dez anos para cá, muita coisa mudou. Hoje, a reconstrução de um membro, de um órgão, ainda é ficção, mas estou certo que será realidade num período relativamente curto.

 
 
 



 

 

 

 

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