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Liberação da maconha medicinal à vista
14/12/2014 - O Globo

O uso medicinal da maconha pode ser regulamentado no Brasil antes da virada do ano. A expectativa é de pais que, desde o início de 2014, cobram urgência na mudança das normas, já que seus filhos sofrem tipos graves de epilepsias e podem ser beneficiados por medicamentos à base da Cannabis sativa. A pressão já garantiu maior agilidade nas autorizações especiais e na liberação da prescrição por algumas especialidades médicas. Mas a lista de demandas continua grande, pois a burocracia e a desarticulação entre os órgãos ainda posterga o acesso a uma esperança de melhora.
Para o ano que vem, a novidade é que eles se organizaram: ontem, foi oficialmente criada uma associação brasileira para reunir pais e usuários da maconha medicinal. Isso porque, de um tema até então esquecido do debate público, hoje é opção de tratamento para cerca de 500 famílias no país, segundo estimativa do psiquiatra Antonio Zuardi, pesquisador do potencial terapêutico da erva e palestrante da última edição dos Encontros O GLOBO.
— Em 1980, o grupo do pesquisador Elisaldo Carlini fez o primeiro estudo em pacientes resistentes a tratamentos habituais de epilepsia. Mas ele ficou esquecido todo este tempo e foi redescoberto recentemente por famílias de crianças com crises epilépticas graves — lembrou Zuardi, professor Psiquiatria da USP de Ribeirão Preto, durante evento na Casa do Saber O GLOBO.
REUNIÃO EM BRASÍLIA É EXPECTATIVA
Uma das definições mais aguardadas é a reclassificação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa), do canabidiol ( CBD), presente na maconha. Da lista de substâncias proibidas, ele passaria a ser de uso controlado. Na prática, isso garantiria que os pais pudessem importar produtos com CBD sem a necessidade de autorizações especiais.
Na próxima quinta-feira, haverá uma reunião pública da diretoria colegiada da Anvisa, em Brasília, para avaliar a reclassificação do CBD. A primeira ocorreu em 29 de maio, mas não teve resultado prático.
— Vou a Brasília porque, enfim, a Anvisa deverá reclassificar o CBD — anima-se Maragerete Brito, mãe de Sofia, portadora de CDKL5, doença rara que tem como um dos sintomas crises de epilepsia, as quais foram reduzidas à metade após a importação clandestina do produto. — Estamos tendo avanços porque a pressão social tem sido muito forte.
Hoje, já é possível ter autorização, em caráter excepcional, para importação do produto. Segundo a Anvisa, de 297 pedidos, 238 foram aprovados. Um dos entraves, no entanto, é que, para conseguir essa autorização, é preciso ter uma prescrição médica. Como se trata de substância proibida, são poucos os que aceitam fazer a receita. Foi por isso que, na quinta-feira, o Conselho Federal de Medicina ( CFM) publicou resolução autorizando a prescrição — no entanto, apenas por algumas especialidades médicas (psiquiatria, neurocirurgia e neurologia), em casos de epilepsias que não respondam a tratamento convencional e a menores de 18 anos. O que era para ter resolvido um impasse acabou recebendo críticas.
— O conselho perdeu uma ótima oportunidade de estar mais perto dos pacientes. A resolução é uma decepção, é absolutamente restrita — cobra o cirurgião oncológico Leandro Ramires, cujo filho, Benício, de 6 anos, sofre de síndrome de Dravet. — As instituições precisam se articular e definir uma regulamentação.
Ramires se refere à Anvisa e ao CFM, mas também à Receita Federal, já que um dos entraves é a liberação do produto na alfândega. Um dos casos é de Júlia Merquior, mãe de Helena, de 8 anos, que sofre de epilepsia refratária. Ao tentar importar um produto com CBD, que custaria US$ 100, lhe foi cobrada a cifra de R$ 11.468,97 pela empresa do serviço de remessa. Com a Receita Federal ela sequer conseguiu contato direto.
— Não pudemos pagar a quantia, então o produto não foi liberado. Com esse dinheiro, poderia ir até os EUA e voltar com o remédio — reclama Júlia, que revela que a filha reduziu o número de crises em 50%.
Quando questionada sobre as dificuldades de pais com relação ao CBD, a Receita apenas responde enviando a lista de regras padrões de importação de medicamentos e suas taxas correspondentes, sem sequer citar a substância em questão.
Enquanto as instituições demoram a tomar decisões e discutir como lidar com essa demanda, as pesquisas científicas com a muitas das quais brasileiras, avançam velozmente. Há diversos estudos com CBD revelando seu potencial para reduzir sintomas ou tratar distúrbio do sono, fobia social, epilepsia grave, psicose, mal de Parkinson etc.
O CBD não é o único componente com potencial terapêutico da maconha. Ao todo, são 80 substâncias (os chamados canabinoides) presentes na planta. E há estudos até mais avançados com o tetraidrocanabinol (THC), que é o responsável pelo seu efeito psicotrópico. No plano medicinal, há indicações de uso para náusea e vômito em pacientes com câncer que passam por quimioterapia; aumento de apetite em portadores de HIV; redução de dores crônicas, controle de rigidez muscular em algumas doenças, entre outros.
MAIS ESTUDOS PARA USO MEDICINAL
O número de estudos cresceu exponencialmente a partir dos anos 90, após a descoberta dos canabinoides. Mas seu uso, na realidade, remonta a mais de quatro mil anos. Até as primeiras décadas do século XX, a maconha era usada como erva medicinal, inclusive no Brasil. Mas foi proibida em diversos países, a começar pelos EUA, na esteira da forte política de repressão ao uso recreativo.
Também palestrante do evento do GLOBO, a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do setor de dependência química da Santa Casa do Rio, explica que, no passado, a maconha fumada era usada com fim medicinal, o mesmo que é liberado em alguns estados americanos, o que é bem diferente do isolamento de substâncias específicas para a produção de remédios.
— Existem estudos mostrando que substâncias da maconha podem tratar doenças, mas é um contrassenso prescrever maconha fumada, que traz males à saúde, principalmente a adolescentes, e causa dependência — diz a psiquiatra. — É importante estarmos atentos aos diferentes níveis de liberação: uso medicinal, descriminalização, despenalização... E notarmos quando o lobby para a liberação da venda está usando a seu favor a campanha da maconha medicinal. Para o cardiologista e curador dos Encontros O GLOBO, Cláudio Domênico, o debate ganhou fôlego este ano e deverá continuar no próximo.— A pr incípio, nenhum médico hoje tem resistência ao uso das substâncias da maconha para tratar crises convulsivas, mas sobre o uso recreativo não há consenso entre psiquiatras, e o debate ainda é longo — conclui Domênico.



Pesquisa e desenvolvimento 


Técnicas menos invasivas permitem cirurgia em idoso
13/12/2014 - Folha de S.Paulo

Aos 102 anos, Olga Corrente caiu e quebrou o fêmur. Passou por uma cirurgia de quadril e, quatro dias depois, já caminhava pelo quarto do hospital usando um andador.

Cenas como essa têm se tornado cada vez mais frequentes graças a procedimentos menos invasivos que possibilitam que idosos centenários (ou quase lá) fiquem menos tempo no hospital e se recuperem com mais rapidez.

Na cirurgia tradicional, fraturas como a que dona Olga sofreu demandariam 13 dias de internação, segundo Luiz Fernando Cocco, coordenador do núcleo de ortopedia do Hospital Samaritano de São Paulo. Com a menos invasiva, o tempo foi reduzido para menos da metade.

Mas nem toda fratura pode ser tratada assim. Nas que demandam colocação de prótese, por exemplo, a operação costuma ser mais complexa.

A fratura de fêmur é uma das mais importantes causas de mortalidade e de perda funcional dos idosos. Um ano após a cirurgia para corrigir a fratura, até 30% deles podem morrer. E só metade consegue manter o nível de independência que tinha antes.

Acamados, os idosos podem desenvolver embolia pulmonar, pneumonias e outras complicações. Nos que já são doentes ou têm deficit cognitivo, o risco é maior.

Com a cirurgia minimamente invasiva, o corte é menor e, consequentemente, há menos sangramento e dor.

Mas isso depende também das condições clínicas do paciente. "Se é um idoso frágil, com doenças prévias, o risco de complicações é maior mesmo com a cirurgia menos invasiva", diz Jorge dos Santos Silva, diretor clínico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

Procedimentos menos invasivos também têm sido usados para corrigir problemas cardíacos, como troca de válvulas para quem tem estenose aórtica grave, uma doença típica da terceira idade.

Ela é causada pela calcificação natural da válvula, o que dificulta ou até impede a passagem do sangue do ventrículo esquerdo do coração para o resto do corpo, provocando cansaço e falta de ar.

Até alguns anos, a troca era feita por cirurgia convencional, abrindo o peito do paciente, um procedimento que requer internação longa (de dez a 12 dias, incluindo UTI) e um pós-operatório difícil.

Segundo Marco Antonio Perin, gerente de intervenção cardiovascular do hospital Albert Einstein, hoje é possível operar por meio de um cateter, que entra pela virilha do paciente e leva ao coração uma válvula nova, feita de metal e material biológico.

"Antes, por conta do alto risco cardíaco, pacientes muito idosos eram abandonados e morriam em um ou dois anos. Só tinham a opção do tratamento clínico."

A mesma técnica pode ser usada também na colocação de stent ("mola" que abre a artéria) em casos de infartos ou angina.

Saúde

 


Aids: problemas para obter remédios no Rio
13/12/2014 - O Globo

Dificuldade para conseguir medicamentos do coquetel antiHIV/Aids, atraso no encaminhamento de pacientes para consulta e demora no teste de genotipagem (que identifica se é necessário trocar o medicamento) são alguns problemas relatados nos últimos meses por quem busca tratamento na cidade do Rio. Participantes do fórum de ONGs do setor afirmam que este mês receberam queixas sobre falta dos medicamentos Kaletra e Saquinavir na rede municipal.
SEM MEDICAMENTO NO PAM
Anteontem, uma publicitária de 36 anos que buscou o medicamento Maraviroc no PAM da Rua do Matoso, na Tijuca, foi informada de que o remédio só deve chegar por volta do dia 22 de dezembro — mas ela só tem comprimidos até hoje. Segundo ela, não é possível pegar medicamento para mais tempo, já que a distribuição é mensal e mediante receita médica. Em novembro, houve queixas de problemas nos estoques de outros remédios (RTV, 3TC e DDI250).
Em e-mail que circulou anteontem na rede de ativistas, Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, se diz solidário com a dificuldade de acesso aos antirretrovirais que moradores do Rio estão sofrendo “já há alguns meses, por falta de coordenação local, desarticulação na logística de medicamento e outras questões locais já amplamente relatadas”. A mensagem afirma que o ministério, com ajuda da Secretaria de Estado de Saúde, está fazendo esforços para ajudar a Secretaria municipal de Saúde a superar o momento “difícil e inusitado”. E que o ministério continuará dando apoio técnico e financeiro para que o município do Rio supere a “crise passageira”.
— Temos recebido queixas frequentes. A pessoa vai, não acha o remédio, reclama, o remédio chega para aquela pessoa, depois falta em outro lugar para outro paciente — afirma o psicanalista George Gouvêa, presidente do Grupo Pela Vidda-RJ, lembrando que farmácias particulares não vendem remédios anti-HIV.
A infectologista Tânia Vergara disse que, desde o ano passado, tanto pacientes quanto médicos e farmacêuticos que distribuem medicamentos nos postos do município se queixam da falta de produtos. Segundo ela, as planilhas de compras do Ministério da Saúde indicam que o estoque seria suficiente e que o problema estaria na distribuição feita no Rio. Também está sendo difícil fazer o exame de genotipagem, diz a especialista.
Outra reclamação é a demora em encaminhar para tratamento novos pacientes diagnosticados como soropositivos no programa Testar e Tratar. Os testes ocorrem em pontos movimentados do Rio e o resultado é dado na hora. A pessoa sai com consulta marcada.
— Mas não é isso que está acontecendo. Temos casos de pessoas que receberam o diagnóstico e só conseguiram consulta para fevereiro — diz Regina Bueno, facilitadora da Rede de Jovens e Adolescentes Vivendo com HIV/Aids.
Pelos dados da Secretaria estadual de Saúde, de 1982 a 2012 foram notificados 76.045 casos de AIDS no Estado do Rio. A Região Metropolitana concentra 70% deles. Foram notificados 2.440 casos em 2012, taxa de 15 por 100 mil habitantes, abaixo da verificada em anos anteriores.
Questionado, o Ministério da Saúde informou que não há falta de remédios e que, segundo o sistema de controle de medicamentos, há estoque no Rio para mais de três meses de consumo de Kaletra e Saquinavir. A nota afirma, porém, que, após o envio dos antirretrovirais, a responsabilidade do gerenciamento dos estoques é de estados e municípios. O ministério informou que desde outubro realiza reuniões com as secretarias de Saúde do Estado e Município e se colocou à disposição para melhorar o fluxo logístico. O ministério disse que cumpre o prazo de 30 dias para entrega do exame de genotipagem.
REPASSE TEVE PROBLEMAS
A coordenação da gerência do Programa de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde afirmou que, nos últimos meses, houve redução na quantidade de Kaletra repassada pelo Ministério da Saúde ao Rio. Por isso, houve remanejamento de estoques para garantir o abastecimento, mas em 25 de novembro a situação foi normalizada com o envio de 984 mil comprimidos pelo ministério.
A SMS informou que o Saquinavir é usado por poucos pacientes e não há falta. E que atende, em 44 unidades, 26.392 adultos e 295 crianças com antirretrovirais, mas só recebe mensalmente seis reclamações de usuários. O órgão afirmou não ter responsabilidade pela genotipagem, pois só colhe o material dos pacientes e envia aos laboratórios indicados pelo ministério.





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